A Justiça Social e o trabalho de Luis Mario Lula - parte 6

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012 0 comentários
Última postagem da série sobre o trabalho do Sr. Luis Mario Lula em nossa paróquia. Os relatos foram dados pelo próprio Sr. Luis Mario, que hoje mora no Canadá.



Minha vida atual no Canada

Jantar para arrecadação de fundos para o CRESMAM em 1999
O presente é de qualquer forma tibutário do passado.  Para falar de minha vida atualmente no Canada, teremos que recuar um pouco no tempo. Cheguei aqui, no Canada, no província do Quebec, em setembro de 1971. Deixei a cidade de Codó, onde exercia a função de vigário cooperador. Depois de doar dez anos de minha vida (sem férias) à diferentes comunidades do Maranhão (Morros, Pedreiras, Dom Pedro e Codó) sentia a necessidade de parar um pouco para fazer uma retrospectiva de minha vida pessoal e sacerdotal. O lugar mais indicado não poderia ser outro do que aquele que me acolheu em 1959 (Provincia do Quebec, no Canada) graças à generosidade da familia  Rolland Lessard. Aqui cheguei trazendo comigo minha pequena bagagem e os meus dez anos de experiencia de vida, adquirida no trabalho quotidiano, junto às diferentes comunidades, nas quais  me doei completamente.


Um novo capítulo se abre no livro de minha vida. Sem nenhuma preparação para enfrentar a nova realidade, tive que me submeter a todo tipo de trabalho para poder ganhar alguns tostões e aos poucos me inserir numa nova vida. Graças ao casal da  familia Leblanc/Lessard que me acolheu de braços abertos, tive a oportunidade de refazer os meus estudos na Univerdidade de Montréal, durante dois anos, e assim obter o  mestrado em Sociologia. Foi assim que em 1974 pude assinar um contrato para ensinar numa ecola secundária, na cidade de Fort-Coulonge. Este trabalho me permitiu aos poucos conquistar uma certa independência econômica e passo a passo me estabilizar na minha nova vida. Com muita confiança na vida, relevando a cada dia novos desafios, pude conquistar o meu lugar nesta sociedade onde continuo dando aos outros aquilo que recebi, da parte de muita gente por onde andei, o acolhimento, a alegria de viver, o amor e a partilha. Sinto-me feliz de poder retribuir um pouco do muito que recebi.
Hoje, sou aposentado do meu trabalho, como professor. Um ano depois, como aposentado, pensei que a melhor maneira de empregar o meu tempo seria de continuar a minha missão, justamente começada em Pedreiras, de servir à causa das mulheres que não têm voz e nem vez, às nossas irmãs marginalizadas, excluidas, desacreditadas e preconceituadas. Uma grande parte do meu tempo é reservado à sensibilização das pessoas daqui ao problema da exclusão social e econômica  das mulheres de Pedreiras. A cidade de Pedreiras é conhecida aqui, graças ao trabalho de divulgação que fazemos do Cresmam. Por isso hoje poderemos afirmar, sem medo de errar, que a historia do Cresmam está atrelada tambem à história de Pedreiras. O Cresmam foi e continua sendo um canteiro onde se planta e se colhe a dignidade, a liberdade, a solidarieda e a inclusão social de muitas mulheres na propria comunidade de Pedreiras. As testemunhas vivas desta experiência poderão afirmar de uma maneira muito mais decisiva do que as minhas próprias palavras.

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